
Uma Casa para Sonhar, primeiro episódio da segunda temporada do Faxina Podcast, é a história de Paula e Jéssica – mãe e filha – duas imigrantes, duas mulheres, duas vidas com raízes profundamente interconectadas no amor e na busca de uma casa que lhes abrigue os sonhos, as identidades, o futuro, e lhes dêem segurança.
Créditos:
- Produção: Heloiza Barbosa & Jessica Oliveira
- Edição: Jessica Oliveira, Valquiria Gouvea, Diogo Saraiva, Paula Pinheiro, e Heloiza Barbosa
- Trilha Sonora: Diogo Saraiva e Paulo Pinheiro.
- Músicas: Leo Bleggi, Diogo Saraiva, Paulo Pinheiro, Ernesto Nazareth.
- Mixagem e Master: Paulo Pinheiro e Diogo Saraiva
- Ilustração: Natália Gregorini @nataliagregorini
- Apoio: PRX, Google Podcasts Creator Program
UMA CASA PARA SONHAR
Helo: OI! Eu sou Heloiza Barbosa. Ahhhh É muito bom estar de volta ao microfone. É bom estar de volta nesse espaço onde sons contam histórias e histórias, se a gente se permitir, podem nos levar pra fora de nossas casas, fora de nossos quartos, fora de nossa pele.
A temporada que está começando. Pode chegar. Se acomode. Respira ahhhh.
Todos os episódios dessa temporada foram e estão sendo produzidos dentro desse quadro de pandemia do COVID-19, que nos forçou a praticar distanciamento social e ficar mais tempo em casa. Então a casa, esse espaço de abrigo, virou o centro de nossas vidas.
Helo: Minha irmã mais velha, ontem estava me mostrando pela câmera do celular dela a pintura nova que ela fez na casa que ela mora e que era a casa de meus pais até a morte deles. Mas essa não foi a casa onde eu nasci e cresci. Essa não é a casa onde eu tinha esconderijos pras comidas que eu roubava pra servir no jantar chique com as minhas bonecas onde ninguém do meu bairro pobre era convidado. A casa que eu nasci era toda de madeira, só tinha um quarto pra cinco filhos, um outro quarto com três portas era de meus pais, um quarto maiorzinho no final do corredor era onde minha mãe costurava, nossos brinquedos rôtos e as ferramentas de meu pai ficavam entulhados, e às vezes quando minha avó vinha passar tempo com a gente era onde a rede dela fica atravessada. Essa casa de minhas memórias não tinha banheiro. O banheiro ficava no quintal. Lá no fundo. Ir no banheiro de madrugada era um desespero que envolvia acordar pelos menos mais dois irmãos, ser xingada, e correr o risco de no fim ter de fazer xixi no buraco do assoalho e rezar pra que a nossa mãe não descobrisse. Ah mas havia uma coisa mágica nesse banheiro! Um homem rico pra quem meu pai trabalhou deu pra ele uma banheira de ferro. Aquela banheira as vezes me dava medo porque eu tinha certeza que se eu mergulhasse com meu cabelo solto, uma mão me puxaria pro mais fundo buraco da terra e ninguém ia notar que eu havia desaparecido. Nessas horas eu pulava pra fora da banheira e corria do quintal pra casa porque eu queria ficar protegida de novo.
Foi nessa casa, pra onde minhas memórias me levam agora, que eu experimentei pela primeira vez medos, e também foi onde me senti segura, e onde de olho aberto eu sonhava em paz.
Helo: Então queridos ouvintes, O primeiro episódio da segunda temporada do Faxina é “Uma Casa Para Sonhar” E essa história será contada em dois atos, ato 1 e ato 2. E mais importante, a história será toda contada por Jéssica Oliveira e Paula Santos. Jéssica é escritora, e ativista pelos direitos das trabalhadoras domésticas nos EUA, é intérprete de Português, e é filha da Paula Santos. — A Paula emigrou para os EUA quando Jessica tinha 8 anos e desde então ela trabalha e empreende no ramo da faxina em Boston.
Helo: Só pra vocês entenderem a origem desse episódio. Em Agosto de 2019, quando eu tava começando a produzir o Faxina Podcast, eu convidei a Jessica para ser colaboradora. [….. Uma razão que me interessa tanto esse projeto.] Essa é a Jessica. [ Sabe , de tentar coletar as histórias que foram varridas pra debaixo do tapete. Eu acho que assim entre nós que estamos realmente criando assim raízes aqui nesse país, crescemos aqui…. É muito bom ter essa experiência de poder contar nossas histórias também.]
Ela sugeriu que a gente entrevistasse a Paula, mãe dela …[ acho muito interessante.. Deixar isso pras raízes, deixar isso para as futuras gerações. Oh essa é foi minha vó! Minha vó fazia isso ou aquilo…] Essa é a Paula.
Eu devolvi a sugestão, propondo que a Jessica ajudasse entrevistando a própria mãe. O que vocês irão ouvir é um misto de conversa e entrevista gravada em estúdio em agosto de 2019. Vamos então ao ato 1.
Paula: Eu nasci em Uberaba, minha mãe era mãe solteira. Ela também trabalhou para famílias lá em Uberaba. É comum no Brasil né, você trabalhar desde cedo e morar com as famílias.
Paula: Então minha mãe morava com uma família muito boa e que cuidou dela por alguns anos E isso aconteceu com ela, com as irmãs dela e com os irmãos dela. Todos eles foram para casa dos outros. E depois, quando ela me teve e mais a minha irmã, a irmã dessa senhora que ela morou, queria adotar a gente, mas a minha mãe não quis. Ela falou: Não, eu quero as minhas filhas. Eu vou ficar elas. Elas precisam assim de um lugar para está trabalhando, morando, enquanto eu também vou me virar até conseguir montar uma casa para nós de novo. Mas, eu não vou passar elas não. [00:07:39]
Paula:. Uma ocasião quando a gente foi ficar no internato, eu mais a minha irmã. Um internato que existe lá em Uberaba do hospital do Pênfigo , […] a gente […] a gente ficou separada uns meses porque ela tinha bronquite. Então ela não podia ficar perto de mim. Ela foi para o hospital da criança. E eu fiquei isolada também porque eu tive alguma coisa que eu não lembro, e eu não podia ter contato com ninguém.
Paula:. Eu lembro que tinha muitas camas e muitas crianças também. E a primeira noite lá foi bem complicada porque tinha falecido uma senhora.E uma outra lembrança que eu tenho, porque o hospital do Pênfigo, ele cuida de pessoas e de crianças que têm problema de pele, que a pele solta e queima que eles chamam de o fogo selvagem. A primeira noite lá, o primeiro dia foi difícil porque eu não queria entrar na banheira para tomar banho que era toda vermelha assim cheia de pele. E a mulher fez eu entrar a força, e me jogou dentro da água. [00:10:55]
Paula: E quando eu fui crescendo eu também trabalhei como empregada morando na casa. Porque algumas vezes foi difícil para ela, cuidar da gente e manter a gente em casa. Então a gente tinha que morar com as pessoas que a gente trabalhava. [00:04:41]
Jessica: Quantos anos você tinha?
Paula: Uns 7. Entre 7 e 8
Paula: Eu morava com eles, e depois fui morando com as filhas deles. Até por volta dos meus 16 anos. Sempre morando em diferentes lugares e trabalhando.
Paula: Eu limpava a cozinha, eu varria, eu lavava roupa. [silêncio] eu lavei… Pela primeira vez eu lavei umas toalhinhas assim que era de uso pessoal. [00:14:24] E ela falava que eu trabalhava muito bem. Que eu cozinhava bem, que estava aprendendo bem, e eu gostava disso.
Paula: Não. Não tinha salário não. Mas ela era uma pessoa muito boa, muito muito carinhosa. E eu gostava dela, eu gostava porque a filha dela tocava piano e eu ficava admirada com aquele piano. Eu queria tocar piano também. Até hoje eu amo piano por causa disso. Mas nunca aprendi. Mas, era muito bom. Eu lembro que eu gostei muito do primeiro dia lá, que ela tinha um quintal enorme e uma casa bonita no fundo e ela plantava milho. Eles pegaram o milho e fizeram um mingau de milho verde, e… a comida, era tudo tão bom. Era tão bom porque não está acostumada com tanta fartura … ixi! Era um palácio [risos]
Paula:: Eu podia ir para escola no período da manhã, aí eu trabalhava de tarde, se eu estudasse a tarde, eu trabalhava de manhã. [00:16:24]
Jessica: E o que você lembra da sua escola naquela época?
Paula:: Ahh, não muito.
Paula: Eu consegui fazer só até a oitava série…sétima, passei pra oitava e parei.
Jessica: Mãe, você lembra da primeira vez que você começou a receber um salário?
Paula: Com 16 ,17 anos. Aí eu pegava o salário e dava toda para minha mãe.
Jessica: E qual era o emprego?
Paula: Doméstica. Era no centro de Uberaba. Pra esposa de um homem que era dono de uma rede de hotel […]
Jessica: Pulando um pouco pra frente. Quando que você conheceu? Com qual idade você conhece o meu pai?
Paula: Ah, Eu tava com 17 pra 18. Não, 16. Eu tinha 16 e meio. Eu tava até trabalhando. Eu saía do trabalho, passava e via ele.[risos]
Paula: Bom, eu saía de casa, passava por uma rua, que tinha muitas casas de mulheres que faziam programas. […] a avó dele tinha um barzinho nesse lugar. [..] E ele às vezes ficava lá na porta, vendendo e tudo. Então eu voltava, e no que eu voltava eu via ele, eu sorria. Aí eu ficava meio acanhada com vergonha e ia embora. Porque na realidade, eu namorei o irmão dele por um mês, um mês e meio. Aí o irmão dele mudou para BH. E aí pra eu matar a saudade do irmão dele, eu passava na rua e via ele.
Paula: Para mim ele era muito inteligente, ele usava relógio. Então, ele … não tinha beleza musculosa não, ele era magrinho. Mas ele tinha relógio, então eu achava assim, esse menino deve ser responsável. Foi assim que tudo começou.
Paula: Quando Jessica nasceu. Foi interessante, porque eu não estava conseguindo engravidar. Eu queria muito ter um filho [..] E aí eu estava trabalhando já, mas já não era mais de empregada. [..] Depois que eu me casei, eu mudei pra BH, e fui trabalhar, arrumei um trabalho numa fábrica de calçados chamada Arezzo
Paula: Trabalhava na área de produção de sapato. De fazer o couro ficar fino. [00:24:56]
Paula: Era uma máquina, e o couro ele vem grosso. Aí você precisa afinar ele, para você moldar ele no sapato. […] Então essa máquina chama, máquina de rachar [00:25:20] Você passa o couro, o couro fica fino, isso te ajuda a dobrar. Tinha que trabalhar em pé e como era na esteira, você não podia parar não, você tinha que sempre. Você só parava para ir no banheiro assim, ou na hora do almoço. Mas você tinha que está sempre correndo…
Paula: A esteira tinha que rodar e a gente rodava com ela.
Paula: Porque essa máquina precisava de um operador em pé, não podia sentar. Tanto que quando eu estava grávida da Jessica, com um barrigão, eu tava lá em pé, passando aquele negócio.
Paula: Não, eu nunca tive um sapato Arezzo, não. Era sapato vendido em Shopping na ocasião, e Shopping era loja cara.
Paula: . Aí eu chamo ela de o filho desejado né, que eu desejei muito ter ela.
Paula: Jessica. Fui eu que escolhi. Eu achava lindo. Achava em Inglês assim, eu nem sabia de Inglês lá no Brasil. Oh, Jéssica, é poderosa,é bonito. Eu vou por Jéssica. Jessica Helen. Ela vai ser grande. Não vai ser a mãe. Maior que a mãe. Jessica era forte. Por isso eu pus Jessica.
Paula: E acho que esse é um dos motivos que a gente veio para cá também pra ela ter a chance que eu não tive e que não ia ter condições de dar lá no Brasil. [silencio longo] Chance …… Chance de estudar. Chance de vencer na vida. Chance de poder levantar a cabeça, de olhar nos olhos das pessoas sem se sentir pequena. … Sentir mais auto-confiança, ir mais longe, alcançar os seus limites e correr mais que ela pode. Realizar seus sonhos,Coisa que a gente não tem e às vezes a gente não sabe quão importante e quão bom é ter chance na vida, ter oportunidade.
Jessica: Eu tinha oito anos quando eu vim para cá, então eu não lembro muito do que os meus pais faziam. Eu lembro muito de ter a minha mãe em casa. Eu sei que ela trabalhava um pouco lá, mas eu num sabia muito da vida profissional dela nem do meu pai. Eu lembro mais dela me levando para escola, brincando comigo na varanda ou me ajudando com o dever de casa, essas coisas.
Jessica: Eu lembro muito da nossa casa. Eu lembro que era na rua Redenção. Eu lembro que era em Belo Horizonte. Eu lembro que era um morro mais ou menos né, e tinha umas três casas, você abria um portão né, você ia subindo umas escadas, aí na terceira era nós. A nossa casa tinha uma varanda que dava para ver a rua inteira. Eu passava muito tempo nessa varanda. Eu lembro da cozinha que era do lado da varanda. Eu lembro é que lá fora tinha um lugar onde minha mãe lavava roupa e ela pendurava a roupa também no varal, na varanda e eu tinha o meu quarto…Eu lembro muito bem de quando nós mudamos para os Estados Unidos, porque a minha mãe teve que trabalhar bastante, assim muito mais do que eu lembrava ela trabalhando no Brasil.
Paula: Eu imaginava lá no Brasil que eu ia chegar aqui e encontrar todo mundo loirinho. Que todo mundo era loiro. Eu não imaginava que eu ia encontrar gente colorida assim. Aí eu desci lá em Miami, diferente né, com um pouco de medo, não sabia inglês nenhum, não sabia nem se eles ia deixar nós entrar, na Disney. Diferente do Brasil. Era uma coisa espetacular, espetaculosa, bonita. Era um encanto, um sonho de Cinderela. Nossa, olha o castelo da Princesa. Que coisa linda! que cidade limpa! Coisas assim… [riso]
Paula:: Eu lembro de um motorista falar, aqui é muito bonito [00:09:09] mas um lugar bom que vocês estão indo é melhor, é Boston, lá faz dinheiro. [riso]
Paula:: Em Boston já foi diferente. Cheguei aqui já estava mais frio, porque a gente chegou em outubro e aqui já era mais frio. As árvores estavam mudando de cor. As árvores já estava ficando alaranjada.
Paula: Eu nunca tinha visto as folhas coloridas daquele jeito. [..] Mas quando eu comecei a trabalhar e trabalhar direto, eu esqueci completamente o outono. Não dava tempo para o outono, não dava tempo para o verão.
Paula: Então a gente foi entregar o jornal. Jogando jornal nas casas na neve, e o carro descia, não tinha controle, segura que vai bater!
Jessica: Pra mim como criança era uma aventura sabe, a gente ia bem cedo né, acordava umas quatro horas da manhã, buscava o jornal as cinco e começava entregar porque você precisava entregar o jornal antes das pessoas acordarem. Eu ajudava organizar os jornais, de vez em quando saia do carro e ia colocar o jornal lá. Eu achava assim para mim era super divertido sabe fazer parte do trabalho deles. [riso]
Paula: Aí depois apareceu lá um help na limpeza. A gente ia, tinha que fazer 9 casas em 1 dia. A gente não podia parar para comer, e corria pra outra casa. Nove casas no dia e ganhava $60 dólar.
Jessica: A minha mãe ela é faxineira desde de até antes de eu nascer. Aí no que a gente veio para Boston, minha mãe ela sempre dava, eles chamam de o “help.” Ela trabalha como o “help.” Eu acho que o “help” era o, foi a pior época que eu já vi, sabe, na nossa vida, porque ela, eu lembro disso, acho engraçado né uma criança lembrar disso, mas eu lembro que ela saia de casa assim super cedo, não voltava assim até depois do pôr do sol e voltava para casa assim alguns dias com cinquenta dólares.
Paula: Ė muito forte os químicos aqui, que a gente usa na América é muito forte. Às vezes chega a arder meus olhos quando eu uso eles, sabe? E às vezes eu me intoxico um pouco porque alguns banheiros não tem janela. [..] Algumas clientes às vezes até sai da casa porque ela sabe que vai haver químico no ar. Então elas saem. E aí a gente fica lá e limpa tudo direitinho.
Paula: Eu já tentei usar máscara pra não ter tanto prejuízo à saúde, mas a prática da minha infância me faz fazer as coisas sem muita precaução, que eu deveria ter; mais eu não.
Paula: Eu tive uma patroa que ela era era excepcional, muito fina, mais assim muito caprichosa e muito elegante. É uma família assim que eu amo na América, embora eu não trabalho mais com eles [..] Mas eles me ajudaram muito na América. ..E por oito anos eu não sabia o que era o verão. [..] Porque no verão, eles iam para a Marta’s Vineyard e era a hora que eu punha a casa de perna pro ar. Que ali tinha que tirar todos os cashmeres da gaveta, botar o sol. Tirava todas as capas do sofá, lavava. Tirava as cortinas, lavava. Tirava todas as roupas das crianças das gavetas, limpava, dobrava, punha de volta. O closet dela, tirava tudo para fora, limpava. As camisas era cor com cor. O cabide do marido dela, as camisas xadrezinho era tudo xadrezinha, retinha, branquinha. Tudo um encanto, sabe? Tudo maravilhoso. Eu limpava com muito carinho a casa dela, sabe? Todas elas. E uma outra tanto que me chama de “meu anjo” “you are my angel Paula:, you are my angel.”
Jessica: Ah, eu ia com ela sempre nos verões porque as famílias, eles viajavam, pelo verão inteiro, então eles não passavam o verão em casa. Né, eu passava o verão em casa. Eh, eu lembro que eu gostava de brincar nos quartos das crianças. Eu lembro de uma vez, no mais eu tinha 16 anos mais ou menos. Eu fui na casa, minha mãe limpava essa casa toda semana, e eu fui lá e tipo eles tinham uma filha da minha idade, então, eu lembro que eu entrei no quarto dela e assim eu ficava olhando os livros que ela tava lendo, assim pra vê ah se tô lendo os mesmos livros. Olhava pras coisas dela. Eu lembro que eu achei um diário dela, e eu li. Porque eu fiquei assim curiosa, eh assim, eu achei interessante que ela assim escrevia das mesmas coisas, ela gostava. Assim, eu lembro que eu gostava de alguém, na minha classe, eu tinha um “crush,” neh, e ela tava escrevendo do “crush” dela e tipo isso eu achei fascinante, lendo o que ela estava escrevendo sobre o “crush” dela, sabendo que eu também tinha um “crush,” mas que eram vidas completamente diferentes, então, sei lá, eu achava interessante.
Paula: Ah, gente eu me sinto em casa quando estou na casa das minhas patroas. Porque eu ponho tanto amor na casa delas quando eu limpo. Eu ponho tanta delicadeza, sabe assim? E eu vejo a casa delas tão limpinha, que eu fico assim, uau! era assim que eu queria a minha casa. Assim que eu vejo a minha casa, desse jeito. Com tanto o toque de amor possível, sabe?. É assim que eu imagino que vai ser minha casa um dia, com tempo para fazer tudo isso que eu faço pra elas, com amor, para fazer pra mim mesmo.
Paula: E aí a Naiomi nasceu, ela veio como um milagre, dai, eu chamo ela do bebê do milagre. E quando a Naiomi nasceu, foi a hora que eu tive que me virar com o inglês, porque aí ela começou a comunicar em inglês também comigo e eu tinha que comunicar com ela. Eu não queria perder essa parte de comunicar com ela, porque com a Jessica era fácil a gente só falou o português até chegar na América, até ela sair pro college era só português. E com a Naomi não.
Paula: Eu me perco um pouco as vezes tentando me comunicar bem com a Naiomi, sabe assim? Eu não consigo expressar para ela os meus sentimento em português como eu expressava para a Jessica. Era fácil. Pra Naiomi eu tenho uma certa frustração porque a gente tem hora que eu acho que eu estou perdendo a conexão com ela por causa do inglês. Acho que ela não me entende, eu não consigo expressar.
Jessica: Mas eu também quero muito assim contar da minha vida pra minha mãe, neh, ou pro meu pai, mas às vezes eu me sinto que eu estou, não sei assim desapontando eles por não saber me expressar tão bem em português, ou às vezes eu me sinto que talvez eles não vão me conhecer muito bem em português.
Paula: É um pouco difícil, tem uma barreira aí.
Paula: Eu perdi minha mãe de uma forma tão dolorida. Tão dolorida aqui na América. Ela estava muito doente E foi uma época difícil porque não tinha dinheiro para mandar para ela. Essa parte eu não gosto muito de lembrar não.
Paula: O começo da América era difícil. A gente tem que sobreviver aqui. Então, não tem como você sobreviver e mandar dinheiro para ajudar a sua família. Mas eu queria ajudar ela. Então às vezes o pouquinho que eu fazia 60 dolar, e às vezes eu mandava lá para ela 50 dólar pra passar o mês inteiro e era pouco pra ela comer. Era muito pouco. Então, um período lá ela tava muito fraca e ai a minha irmã morava em Curitiba, e eu pedi eles para buscar ela para levar ela para morar com eles; aí meu cunhado foi buscar ela lá em Uberaba. E aí quando ele chegou em Curitiba, eles já foram direto para o hospital, neh.
Paula: E aí eu tinha um cartão. Naquela ocasião, a gente só ligava para o Brasil com cartão, neh? E pedi minha irmã para chamar a mãe, que eu sabia que ela tava no hospital neh, que ela tinha tido a alta e eu queria saber como é que ela tava.
Aí minha irmã veio no telefone e falou, Paula:, a mãe morreu. O que?…
Não, chama a mãe, eu preciso falar com a mãe, aí. Chama a mãe, eu quero falar com ela. “Ela morreu Paula:. Ela foi enterrada.” Como? Como? Isso não é verdade. Eu não esperava ligar para casa e saber que a mãe tava morta, depois de esta no hospital. E a casinha que eu ia construir para ela?
Jessica: Você tem uma memória de você, a minha tia e a minha avó? Na sua infância de coisas que vocês gostavam de fazer? [silêncio, choro]
Jessica: Uma comida?
Paula: Não, não muito.
Paula: Foi muito difícil para ela, mas ela era sempre feliz. Isso é bom. Essa memória eu tenho. Memória boa. Memória boa também que eu tenho juntas era que ela sempre nas dificuldades dela, ela orava. Às vezes não tinha comida, aí ela ia lá pra cama, dobrava o joelho e orava. Essa é a memória que eu tenho. Boa.
Paula: Eu não trouxe muita coisa material do Brasil não, só uma mala e uma mala e meia só. Trouxe memórias, trouxe fotos, cartas de amor do Ailton, quando a gente namorava longe um do outro. Eu trouxe lembranças, trouxe minhas escrituras que a Bíblia, o Livro de Mórmon.
Paula: A Igreja é muito importante na minha vida. A fé que me trouxe muita esperança. Ela é fundamental. Ela é quem eu sou, quem eu me transformei hoje, com todos os meus desafios. O que eu carrego que não é material? Minha família . Meu tesouro. Não preciso de mais nada. É meu marido, meu doce marido que eu amo tanto, a Jessica e Naiomi.
Jessica: E como você descreveria o seu tempo aqui na América?
Paula: Relógio. É um relógio. É um tic tac de dia, de tarde, e de noite, e às vezes de madrugada. Esse é o meu tempo na América. Não dá pra sonhar, mas pelo menos dá pra construir alguma coisa.
Paula: O tic tac hoje eu falei assim eu vou lá fazer a minha entrevista com a Jéssica. Make sure that que ela vai tá proud of me. Depois eu vou levar a pequenininha pro Museu de ciência; e eu trabalhei ontem até hoje às cinco da manhã. E vamo que vamo! Tic tac.
Paula:: É uma coisa assim. É boas memórias. Esse era quando a gente tava namorando. Isso FOI ROUBADO. Me roubaram o tempo de ouvir uma música, de aprender, de memorizar, não deu tempo para isso. Não deu. O tempo era para trabalhar, trabalhar, trabalhar.
Helo: O episódio vai continuar, mas antes a gente faz uma pausa pra contar que a realização dessa temporada contou com o apoio do GOOGLE PODCASTS CREATOR PROGRAM E DA PRX – PUBLIC RADIO EXCHANGE, .
E também contou com nossos queridos apoiadores na campanha de fianciamento coletivo. A gente sabe que nesse momento de pandemia, dar qualquer apoio financeiro não é possível pra muita gente. Pra quem nos apoia, muito obrigada. Vocês são sortudos e incrivelmente generosos. O Faxina continuarpa sendo de graça pra todo mundo. O brigada a todos pela escuta e pelo carinho. Sem esses apoios nada disso seria possível. E agora de volta à história.
Helo: ATO 2. Nesse segundo momento da história, Jessica e Paula voltam a conversar 1 ano e 4 meses depois da entrevista gravada no estúdio. Dessa vez a conversa foi virtual devido a pandemia do covid-19. E o motivo da conversa foi o roteiro da história que eu montei e enviei para que elas lessem e me dissessem o que achavam. A leitura provocou uma outra linda conversa entre mãe e filha sobre … não. Não vou contar, vou deixar que elas te contem. Escuta só.
Jessia: Olá!
Paula: E aí tudo bem?
Jessica: Tudo jóia. Tem como ligar sua câmera também, ou você vai ficar fora do vídeo?
Paula: É tanto faz, eu não sei onde que- Naiomi, faltou ligar a câmera filha.
Jessica: Aí. [risos] Oi.
Jessica: Mãe teve alguma parte do texto que…
Paula: A parte que fala patroa eu não sei se deveria falar patroa ou falar cliente.
Jessica: Eu acho a pergunta interessante. Assim o que quê…Qual é a diferença dos dois para você?
Paula: ‘’Well,’’ patroa soa com mais como alguém que manda né? Como alguém que tá te mandando. Não sei se é porque isso já vem da cultura do Brasil. E cliente, é uma pessoa que te olha com um pouco mais de respeito. Que no caso faz a gente sentir mais humana, mais valorizada, entendeu?
Jessica: É uma questão de dignidade.
Paula: Pode ser uma questão de dignidade. Por que é triste na nossa cultura ver que… aliás acho que com todas as esculturas né. Vê que a gente não tem muito valor diante dos olhos das pessoas nessa área profissional de ser doméstica e tudo. Mas aqui na América, quando você vê que as pessoas montam os schedule delas, elas geralmente se referem a clientes, elas não refire a patroa. Patroa soa triste, soa… exploração.
Eu até queria saber qual que é o significado Pa-troa. Ou patrão né. Se vem de alguma posição de posse.
Helo: Paula:, fui pesquisar. E encontrei que a raiz da palavra Patrão vem de Pai, Paterno, Patrimônio, Patriarcado. O seu significado é “a pessoa que é dono ou proprietário e que tem empregados ou pessoas subordinadas a ele. Mas o significado da palavra Patroa no dicionário ainda hoje é somente de A mulher do patrão. Acho que nossos dicionários precisam de uma profunda atualização, mas é isso é papo pra outra hora… voltando a conversa de vocês.
Jessica: Então eu vou usar cliente porque eu entendi que essa é a palavra que você prefere que seja usada.
Jessica: Eu tava curiosa de saber assim se você pode contar sobre alguma ocasião que você se sentiu assim mais parte da família?
Paula: Eu acho uma pergunta difícil, porque eu me sentia parte da família quando estava crescendo numa casa em Uberaba que eu trabalhei, né. A gente pensa que é família. Só que a gente não é uma família. Mas a gente cresce assim achando que faz parte desse núcleo familiar em que a gente tá crescendo. Até descobrir que não é assim. Mas como eu era muito criança, muito nova, eu sempre pensei. Estranho isso, muito estranho, viu.
Jessica: É um dos meus trabalhos agora, eu estou tentando criar esse vocabulário é de, conceitos, palavras que são usadas no nosso Movimento de Justiça para empregadas nos Estados Unidos, mas em comunidades que falam idiomas diferentes.
Jessica: Eu estava pensando aqui agora mãe é que do seu uso do doméstica em vez do faxineira ou ou é empregada… se você poderia. Sei lá, falar um pouco sobre isso sim. Essa é a palavra que você prefere, é doméstica?
Paula: Não nenhuma delas.[risos] Eu lembro que quando eu saí do Brasil Jessica, é… eles começaram a usar um novo termos pra doméstica. Era a palavra minha ajudante? Não. Como é que é? Era minha secretária! Começamos a ganhar o nome de secretária. Doméstica, Jessica e empregada, infelizmente machuca as pessoas nessa posição porque elas não são reconhecidas. O nosso trabalho não é, não tem tanto valor. Limpar banheiro, lavar roupa, ariar panela.Essa coisa assim não é vista com muito respeito, entendeu?
Eles não respeitam que você vê que não tem nenhuma categoria de aposentadoria de doméstica. A doméstica não pode se aposentar. Hoje mesmo aqui na America eu não sei de um trabalho de aposentadoria 401 para empregada doméstica, entendeu? É triste.
Paula: Jessica, Eu tenho uma pergunta.
Jessica: Ok
Paula: No que que eu fui motivo de inspiração para você, Ou não fui? Não sei, em algum momento assim, meu trabalho já fez você se sentir mal? Às vezes …É difícil porque [silencio]. Às vezes eu me preocupo se o meu trabalho te inspirou alguma vez a ser uma pessoa melhor, entendeu?
Jessica: Tem várias perguntas aí mas é… assim dava para reconhecer que você tinha vergonha do seu trabalho. Mas eu nunca tive esse sentimento assim pra mim você sempre foi a minha mãe. Sabe eu acho que vergonha é algo que você aprende. Você aprende se a sociedade te fala essa qualidade aqui é valorizada. Essa daqui não é.
Jessica: Se você já me inspirou? Claro. Você já me inspirou bastante. Assim você ter sobrevivido essas, essas circunstâncias diferentes, essas provações que você viveu. Isso me inspira. Eu sei que você tem muito respeito pelas suas clientes, mas na realidade eu tenho eu tenho raiva delas. Eu acho que você é digna. Você é digna de muito mais o que a sociedade te dar. Sabe eu acho que você é digna de uma aposentadoria, você é digna de aprender a tocar o piano e de correr atrás de qualquer sonho que você teve. Então, eu sinto uma certa amargura por elas mas nunca senti vergonha de você.
Paula: A gente tem isso na cabeça. A gente fica preocupada se o filho ou o marido têm orgulho da gente, entendeu pela profissão que a gente tem.
Jessica: Mãe, você me ensinou que eu não deveria falar para as pessoas. Não fala para ela que eu faço esse trabalho. Não fala para ela sabe da sua avó, não fala para ela…essas outras histórias. Você falou para mim e eu não compartilhava isso por respeito, sabe, mas eu nunca senti nenhuma vontade de esconder isso. Pra mim não era nada tinha que ser escondido.
Paula: No Brasil tem muito disso, você fala que a empregada e pronto acabou, acabou o seu valor. E isso machuca, né. E a gente cresce assim querendo esconder dos outros. Isso machuca a vida inteira. Acaba marcando a gente sabe? [choro] Marca a gente e a gente não que os filhos da gente não tenha orgulho da gente entendeu? Nem o marido. Nem ninguém. Deixa a gente se sentir menos.
Jessica: Eu sinto orgulho de ter uma mãe que, que passou por circunstâncias absurdas que ninguém deveria passar na vida. Mas para mim a sua carreira assim nunca, nunca me fez, a carreira de qualquer pessoa, eu não me sinto impressionada por carreiras, ou o que a pessoa faz, me sinto impressionada com quem a pessoa é.
Paula: Talvez eu não devesse ter vergonha de ser doméstica, porque na realidade não é uma vergonha para mim deveria ser uma vergonha para os outros. [risos]. Deveria ser uma vergonha para quem nos põe nessa posição. Então assim isso acaba sendo da sociedade de quem leva vantagem sobre essa classe carente.
Paula: Jessica, outro dia você estava me falando que achava estranho que às vezes eu quero te abraçar, que eu quero te tocar, né, e que você não está acostumada com isso, e eu fiquei surpresa; como é que nesses anos todos você perdeu isso e eu não vi?
Jessica: Não é por causa de você, é por mim mesma, eu me sinto constrangida, comigo de não saber me expressar. Essa barreira de idioma mesmo, às vezes é bem difícil e isso me faz às vezes me sentir um pouco distante. Mas ao mesmo tempo eu sinto tanto amor, né tanto amor e carinho aqui na nossa relação, mas as vezes assim é difícil para mim. É claro que eu quero abraços, é claro que eu quero beijos, sabe, eu só,[ não] sempre me sinto muito confortável porque eu não sei se eu tô me apresentando como a versão minha que eu sou hoje, entendeu? Então é um pouco, é um pouco difícil.
Paula: Entendi, eh.
Jessica: Eu acho que eu nunca falei isso para você antes, mãe, talvez essa é a primeira vez que você está ouvindo essa parte também, mas eu procuro assim oportunidades de praticar meu português porque para mim é bem importante ter esse diálogo com vocês.
Jessica: Culturalmente a coisa aqui foi mais diferente pra mim foi foi ser mórmon. Eu era a única mórmon na minha classe na minha escola.
Jessica: Então você não, não bebe café, não bebe álcool não. Não pode namorar sabe essas coisas. Então isso era um pouco diferente. Não era porque eu era brasileira, que eu não namorava, né. Era porque eu era mórmon que eu não namorava. Não, aí era, não namora! Você pode namorar, mas tem que namorar mórmon.
Paula: Era
Jessica: Não, Thank you. [risos] Não. Então não. [é complicado]
Jessica: Aí depois, quando eu fui para a faculdade, aí sim a questão cultural, brasileira e também da minha raça … Que eu comecei a reconhecer um pouco mais, porque como eu fui para a Idaho que é uma cultura bem americana bem branca.
Jessica: Aí que eu me dei conta da minha raça. Aí eu me dei conta que eu era imigrante. E a primeira vez também que eu estava em volta de outros mórmons. E aí eu que eu me dei assim como diferente, aí não é só porque eu sou mórmon agora há coisa que me faz diferente é que eu sou brasileira, é que não sou de raça mista. Agora sim eu sou diferente.
Jessica: Eu também lembro assim que as pessoas falavam muito que eu não tinha cara de brasileira, que.. Eu não sei o que é que é a cara de brasileira. Se a brasileira é a Gisele? Ou alguma outra modelo, não sei. Mas eu não tinha cara de brasileira. Eu era, até mesmo os brasileiros me falaram que eu era a hispaninha do grupo, ou]
Jessica: começando com os brasileiros da terceira série quando eu cheguei aqui do Brasil sabe, os brasileiros eram os piores, os maiores bullies que me aterrorizaram lá na escola.
Paula: Não me lembro de nenhum outro menininho brasileiro que se conheceu, talvez na escola né a Eduarda,.[Eduarda e Caian! han han hehehe]…[nunca esqueci]….eu nem sabia disso. Só sabia que você tinha uma amiguinha lá na igreja, na escola [Amiguinha não.] hehe. Era difícil para você, hein? Não, Jessica, não sabia disso.
Paula: A gente acaba perdendo a identidade da gente.
Jessica: Não. Eu não sinto que eu perdi a minha identidade. Eu sinto que eu tive assim que misturar várias identidades ou várias partes da minha identidade, mas eu não senti que eu perdi nenhuma.
Jessica: Na realidade isso é o que me frustra, é quando as pessoas acham que eu só posso ter uma. Ah você só pode ser mórmon, ou você só pode ser mulher não branca, ou voce so pode ser… eh eh Lésbica. Sei lá. Quando as pessoas tentam me colocar dentro de uma caixa, isso me irrita.
Paula: Acho que você tem que abraçar as duas partes. Viver uma personalidade híbrida.
Jessica: É isso aí mesmo. [risos]
Paula: Foi uma mistura de tudo. Uma mistura de pais, mistura de princípios, mistura de, é tudo.
Paula: Fiquei muito orgulhosa, muito orgulhosa porque ela conseguiu entrar no Boston College, Harvard, Stanford, Holy Cross.
Jessica: Não precisa nomear todos os nomes não, mãe.
Paula: Não, não eu sei. É igual eu falei, eu sempre quis estudar e nunca tive chance. E de repente vê alguém em outro país conseguir. Não é fácil não. E o sacrifício valeu a pena.
Paula: Pelo o que a gente escolheu, ou às vezes nem escolheu é o que tinha. É o que tinha, tinha que pegar, e pega e… Trabalha duro. hehehe É isso filha.
HELO: ALGUMAS CONVERSAS SÃO MUITO DIFÍCEIS DE SE TER COM QUEM A GENTE AMA, NÉ. E A GENTE SEGUE VIVENDO… MEIO BAGUNÇADA, MEIO SENTINDO FALTA DE ALGO… COMO UMA CASA INACABADA. UMA CASA ONDE FALTA um banheiro ou UMA COZINHA GOSTOSA COM UM BOLO ASSANDO NO FORNO.
MAS DIFERENTE DAS CASAS, NÓS NÃO SOMOS FEITOS DE MADEIRA, nem de TIJOLOS, CIMENTO, OU PEDRAS. A GENTE QUEBRA FACILMENTE. E O NOSSO MAIOR TRABALHO É COLAR NOSSOS PEDAÇOS QUEBRADOS.
O QUE EU APRENDO COM AS HISTÓRIAS DE PERSONAGENS REAIS OU INVENTADAS ME AJUDAM A COLAR OS MEUS PEDAÇOS. HOJE, a HISTÓRIA DA Paula: E DA JESSICA, me fez pensar na LIÇÃO QUE A SACERDOTISA BABY SUGGS DO ROMANCE “AMADA” DE TONI MORRISON NOS DÁ. BABY SUGGS DIZ:
“AQUI, AQUI NESSE LUGAR, NÓS SOMOS CARNE. CARNE QUE CHORA, RI; CARNE QUE DANÇA DESCALÇA NA RELVA. AMEM ISSO. AMEM FORTE.” ….
AMÉM!
HELO : O EPISÓDIO DE HOJE FOI PRODUZIDO POR MIM HELOIZA BARBOSA E JESSICA OLIVEIRA, A EDIÇÃO CONTOU COM A COLABORAÇÃO DE JESSICA OLIVEIRA, VALQUIRIA GOUVEA, DIOGO SARAIVA, PAULO PINHEIRO E EU HELOIZA BARBOSA. MUITO OBRIGADA Paula: SANTOS E JESSICA OLIVEIRA PELA GENEROSA DISPONIBILIDADE DE VOCÊS.
A trilha sonora tem composições de Paulo Pinheiro, Diogo Saraiva, Leo Bleggi e Ernesto Nazareth
A MIXAGEM é DE DIOGO SARAIVA E PAULO PINHEIRO.
A MÚSICA TEMA DO FAXINA É DE ANAÍS AZUL
AS ILUSTRAÇÕES QUE FARÃO A POESIA VISUAL DE CADA EPISÓDIO DA TEMPORADA SÃO DE NATÁLIA GREGORINI – O LINK PARA VER MAIS DO TRABALHO DELA ESTARÁ NOS CRÉDITOS DO EPISÓDIO
O FAXINA É MEMBRO DO GOOGLE PODCASTS CREATOR PROGRAM, E AGRADECE O IMENSO APOIO DA PUBLIC RADIO EXCHANGE E TAMBÉM DE NOSSOS APOIADORES. PRA VOCÊS, O NOSSO SUPER MUITO OBRIGADO DO FUNDO DO CORAÇÃO. SE TU AINDA NÃO ÉS APOIADOR, E QUER E PODE NOS AJUDAR, É SÓ CONTRIBUIR COM NOSSA CAMPANHA NO APOIA.SE/faxina podcast
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